domingo, 1 de março de 2009

Eu, sujeito de minha época

  Eu, em meio a tantas coisas que se transformam à minha volta, sou mais alguém tentando se adaptar a essas transformações. Mas não posso (e não quero) ser apenas mais uma pessoa dentre as seis bilhões que existem. Preciso me situar, conhecer a cada dia um pouco mais sobre mim mesma, para compreender o que me torna única e qual o meu papel, já que existem cada vez mais opções, deixando as escolhas mais difíceis ao longo do tempo.
  Até me conhecer tem sido complicado. Os sentimentos, conceitos, ideais, que naturalmente pertencem a cada um, aos poucos foram englobados pelo coletivo, graças aos meios de comunicação de massa. É a globalização. A omissão do “meu” em detrimento do “nosso”. Sei responder com certa facilidade sobre os problemas da África, a crise mundial e a insegurança das pessoas com o aumento da violência. Mas quando as perguntas são mais individuais, como quem sou eu, o que é felicidade para mim e por que esta é minha opinião, as respostas não surgem com a mesma simplicidade e estas são as mais complexas, porém não deveriam ser. É irônico, pois a pessoa que mais me conhece sou eu mesma!
  Gosto de imaginar como outras pessoas, em décadas e séculos passados, faziam determinadas coisas sem ao menos sonhar que aquilo poderia ser muito mais prático. É incrível mesmo, tanto que é difícil pensar como seria eu viver naquela época e, por isso, sou grata por ter nascido na era da tecnologia. Era tudo tão complicado, demorado... Escrever, por exemplo. Sem a caneta, imagino que levaria muito mais tempo para redigir este texto. Mas também penso que outras coisas eram mais fáceis, como sentar na calçada com os vizinhos no final da tarde. Com tanta violência, abrir a porta de casa hoje tornou-se um risco. E quem são meus vizinhos?
  Nas próximas décadas, virão muito mais novidades. Entretanto, com elas surgirão também mais problemas, mais opções e escolhas ainda mais difíceis. Saberei tanto sobre o mundo e tão pouco sobre mim...

[...]

S.C.P.S.

4 comentários:

AVANT STAR disse...

Para Leonardo Da Vinci o processo é mais interessante do que o resultado. parece haver potencial no seu processo. aparentemente, estás implicada em saber sobre si. OKE favorece expansáo de consciencia. com o tempo passamos a saber mais sobre nós mas náo inteiramente sobre nós. daí entramos no conceito de Freud de INCONSCIENTE. o sábio Edil dizia que a primeira prática de crescimento pessoal é "trabalhar com a verdade". mas OKE é verdade? ... para minimizar angústias profundas derivadas da identificaçáo com NOSEI, vamos comungar com Clarice que prefere o náo entendimento por ser mais amplo que a limitaçao do entender. conscientes de que os espíritos de sensibilidade jamais estaráo livres da pergunta, amiga íntima de um certo estranhamento para com certas coisas da vida terrena. verbaliza Clarice: tem hora vc náo estranha ser vc? ... estranho! A psicanálise diz: Estranho remete há algo de semelhante. Assim, me parece que teu espírito tem um "OKE" Lispectoriano. E isto já é algo, JÁ é um outro AGORA.

Silvia C.P.S. disse...

=DD

Unknown disse...

Mas eu prefiro escrever com pena. MUITO mais estiloso 8D

E, como eu disse esses dias, eu conheço muito mais QUALQUER coisa do que conheço a mim mesmo. Se conhecer é difícil.

PS: Ficou muito foda o texto.

=***

AVANT STAR disse...

A imagem que vc gostou está disponível no blog. veja o mes agosto de 2008. Capture, caso queira. abraços Lispectorianos.