sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Paredes Vermelhas


  Desejou tantas vezes estar ali novamente, mas, quando esteve, achou tudo muito diferente. Nenhuma explicação para tanta destruição. Certificou-se de que a porta não estava arrombada. As janelas permaneceram trancadas. As paredes continuavam vermelhas e intactas. Mesmo com luzes acesas, a obscuridão lhe trazia medo e o vazio daquela sala invadia o seu interior. Em lugar da paz que ali encontrava, angústia. À medida em que fechava e abria os olhos, o espaço tornava-se cada vez menor. 

  Ficou parada, porém, já não podia respirar. As paredes encolhiam a sala.

  Decidiu não mais abrir os olhos. Entregou-se à aflição da espera pelo fim e vieram-lhe à mente todas as outras vezes que ali esteve: as pequenas felicidades, a brisa e a luz que entravam pela janela nos dias de sol, como música vinda de longe.
  Aos poucos, a sonoridade entrou pelos seus ouvidos e sentiu o calor dos raios de sol batendo em seu rosto. 
  Agora, sem medo, abria os olhos, ao mesmo tempo em que seu coração se enchia. Aquele lugar estava tão espaçoso e iluminado que desejou nunca mais sair dali.

Não era o fim, mas apenas o grande começo.

S.C.P.S.