domingo, 27 de dezembro de 2009

Eu sei, mas não devia



Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez paga mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti

domingo, 29 de novembro de 2009

O mérito e o monstro


"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer

Pra nos tornarmos imortais

A gente tem que aprender a morrer

Com tudo aquilo que fomos

E tudo aquilo que somos nós"

O Teatro Mágico

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Velho Tema I


Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.

Vicente de Carvalho

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

Strauss

" (...) Nunca tive, e ainda não tenho, a percepção do sentimento da minha identidade pessoal. Apareço perante mim mesmo como um lugar onde há coisas que acontecem, mas não há o 'Eu', não há o 'mim'.
Cada um de nós é uma espécie de encruzilhada onde acontecem coisas. As encruzilhadas são puramente passivas; há algo que acontece nesse lugar.
Outras coisas igualmente válidas acontecem noutros pontos.
Não há opção: é uma questão de probabilidades."

Claude Lévi-Strauss (1908-2009)

sábado, 14 de novembro de 2009

Das vantagens de ser bobo

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

Clarice Lispector


"A boba"- Anita Malfatti

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ao Agora que chega e parte

"Porque a vida é o coletivo das horas que são pro dia." O Teatro Mágico


o Agora vai-se. torna-se passado.
vai-se outra vez.
e outra.
Passado é um Agora que já não se muda, nem se respira...
e quanto mais distantes de nós, aos poucos, leva-nos
o aroma,
a vivacidade das cores,
o sabor,
as vozes,
os sons,
as formas
(...)

talvez vá também a luz, deixando escuridão e vazio no espaço daqueles momentos.
mas existem aqueles, dos quais,
embora não tenhamos de volta as mesmas sensações,
vemos tão nitidamente diante dos nossos olhos... fechados.

por mais forte o desejo de viver aquele minuto novamente,
ele não retorna.

em seu lugar, despetala-se a saudade pelo caminho.
estes sessenta segundos passam por mim.
viva-se, pois, o Agora!
pode ser que muitos dos próximos minutos passem
e simplesmente vão-se para sempre,

porém,
outros tantos me esperam tão intensos e cheios de emoção,
que farão com que,
de cada segundo revivido,
ressurjam com eles muitas lágrimas e sorrisos.
porque o Agora é Futuro.
chega Agora.
é Agora.
(...)

S.C.P.S.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ser frágil não é maldição para mulher

"Mulher é desdobrável. Eu sou." Adélia Prado


Hoje, dormi um sono pesado, após tanto tempo em guerra. Tenho a impressão de que foram mais de cem anos.
Carreguei, por toda a trajetória, bandeiras e armaduras tão pesadas quanto meu corpo pudesse suportar. Com as melhores estratégias, combati os inimigos mais temíveis. Contudo, o pior de todos eles era também meu aliado: esteve comigo em todas as batalhas, deu-me as armas e ensinou-me a manejá-las. Morava em mim.
Estive em lugares frios, sórdidos, sombrios; perseguindo cada adversário, a fim de não sobrar um que pudesse ganhar forças e trazer o abalo de uma revanche. Ultrapassei fronteiras, até então inimagináveis, abrindo caminhos às futuras grandes conquistas. Senti terríficas dores e eram tamanhas as necessidades que cada segundo era enfrentado como uma nova árdua batalha. Não apenas vi o fogo e a escuridão, como pude senti-los na alma, cada vez que deparava-me com as misérias humanas. Estas, sim, foram grandes armadilhas.
Ouvi gritos ensurdecedores e disparos sem interrupção. Olhava a paisagem: totalmente destruída. Sorria, em meio às adversidades, por sentir-me viva.
Faço, agora, deste silêncio, o grande triunfo de minha existência.

S.C.P.S.

domingo, 4 de outubro de 2009

Elegia Lírica

Um dia, tendo ouvido bruscamente o apelo da amiga desconhecida
Pus-me a descer contente pela estrada branca do sul
E em vão eram tristes os rios e torvas as águas
Nos vales havia mais poesia que em mil anos.

Eu devia ser como o filósofo errante à imagem da Vida
O riso me levava nas asas vertiginosas das andorinhas
E em vão eram tristes os rios e torvas as águas
Sobre o horizonte em fogo cavalos vermelhos pastavam.

Por todos os lados flores, não flores ardentes, mas outras flores
Singelas, que se poderiam chamar de outros nomes que não os seus
Flores como borboletas prisioneiras, algumas pequenas e pobrezinhas
Que lá aos vossos pés riam-se como orfãozinhas despertadas.

Que misericórdia sem termo vinha se abatendo sobre mim!
Meus braços se fizeram longos para afagar os seios das montanhas
Minhas mãos se tornaram leves para reconduzir o animalzinho transviado
Meus dedos ficaram suaves para afagar a pétala murcha.

E acima de tudo me abençoava o anjo do amor sonhado...
Seus olhos eram puros e mutáveis como profundezas de lago
Ela era como uma nuvem branca num céu de tarde
Triste, mas tão real e evocativa como uma pintura.

Cheguei a querê-la em lágrimas, como uma criança
Vendo-a dançar ainda quente de sol nas gazes frias da chuva
E a correr para ela, quantas vezes me descobri confuso
Diante de fontes nuas que me prendiam e me abraçavam...

Meu desejo era bom e meu amor fiel
Versos que outrora fiz vinham-me sorrir à boca...
Oh, doçura! que colméia és de tanta abelha
Em meu peito a derramares mel tão puro!

E vi surgirem as luzes brancas da cidade
Que me chamavam; e fui... Cheguei feliz
Abri a porta... ela me olhou e perguntou meu nome:
Era uma criança, tinha olhos exaltados, parecia me esperar.

*

A minha namorada é tão bonita, tem olhos como besourinhos do céu
Tem olhos como estrelinhas que estão sempre balbuciando aos passarinhos...
É tão bonita! tem um cabelo fino, um corpo de menino e um andar pequenino
E é a minha namorada... vai e vem como uma patativa, de repente morre de amor
Tem fala de S e dá a impressão que está entrando por uma nuvem adentro...
Meu Deus, eu queria brincar com ela, fazer comidinha, jogar nai-ou-nentes
Rir e num átimo dar um beijo nela e sair correndo
E ficar de longe espiando-lhe a zanga, meio vexado, meio sem saber o que faça...
A minha namorada é muito culta, sabe aritmética, geografia, história, contraponto
E se eu lhe perguntar qual a cor mais bonita ela não dirá que é a roxa porém brique.
Ela faz coleção de cactos, acorda cedo vai para o trabalho
E nunca se esquece que é a menininha do poeta.
Se eu lhe perguntar: Meu anjo, quer ir à Europa? ela diz: Quero se mamãe for!
Se eu lhe perguntar: Meu anjo, quer casar comigo? ela diz... – não, ela não acredita.
É doce! gosta muito de mim e sabe dizer sem lágrimas: Vou sentir tantas saudades quando você for...
É uma nossa senhorazinha, é uma cigana, é uma coisa
Que me faz chorar na rua, dançar no quarto, ter vontade de me matar e de ser presidente da república.
É boba, ela! tudo faz, tudo sabe, é linda, ó anjo de Domremy!
Dêem-lhe uma espada, constrói um reino; dêem-lhe uma agulha, faz um crochê
Dêem-lhe um teclado, faz uma aurora, dêem-lhe razão, faz uma briga...!
E do pobre ser que Deus lhe deu, eu, filho pródigo, poeta cheio de erros
Ela fez um eterno perdido...

"Meu benzinho adorado minha triste irmãzinha eu te peço por tudo o que há de mais sagrado que você me escreva uma cartinha sim dizendo como é que você vai que eu não sei eu ando tão zaranza por causa do teu abandono eu choro e um dia pego tomo um porre danado que você vai ver e aí nunca mais mesmo que você me quer e sabe o que eu faço eu vou-me embora para sempre e nunca mas vejo esse rosto lindo que eu adoro porque você é toda a minha vida e eu só escrevo por tua causa ingrata e só trabalho para casar com você quando a gente puder porque agora tudo está tão difícil mas melhora não se afobe e tenha confiança em mim que te quero acima do próprio Deus que me perdoe eu dizer isso mais é sincero porque ele sabe que ontem pensei todo o dia em você e acabei chorando no rádio por causa daquele estudo de Chopin que você tocou antes de eu ir-me embora e imagina só que estou fazendo uma história para você muito bonita e quando chega de noite eu fico tão triste que até dá pena e tenho vontade de ir correndo te ver e beijo o ar feito bobo com uma coisa no coração que já fui até no médico mas ele disse que é nervoso e me falou que eu sou emotivo e eu peguei ri na cara dele e ele ficou uma fera que a medicina dele não sabe que o meu bem está longe melhor para ele eu só queria te ver uma meia hora eu pedia tanto que você acabava ficando enfim adeus que já estou até cansado de tanta saudade e tem gente aqui perto e fica feio eu chorar na frente deles eu não posso adeus meu rouxinol me diz boa-noite e dorme pensando neste que te adora e se puder pensa o menos possível no teu amigo para você não se entristecer muito que só mereces felicidade do teu definitivo e sempre amigo..."

Tudo é expressão.
Neste momento, não importa o que eu te diga
Voa de mim como uma incontensão de alma ou como um afago.
Minhas tristezas, minhas alegrias
Meus desejos são teus, toma, leva-os contigo!
És branca, muito branca
E eu sou quase eterno para o teu carinho.
Não quero dizer nem que te adoro
Nem que tanto me esqueço de ti
Quero dizer-te em outras palavras todos os votos de amor jamais sonhados
Alóvena, ebaente
Puríssima, feita para morrer...


Crucificado estou
Na ânsia deste amor
Que o pranto me transporta sobre o mar
Pelas cordas desta lira
Todo o meu ser delira
Na alma da viola a soluçar!"
Bordões, primas
Falam mais que rimas.
É estranho
Sinto que ainda estou longe de tudo
Que talvez fosse cantar um blues
Yes!
Mas
O maior medo é que não me ouças
Que estejas deitada sonhando comigo
Vendo o vento soprar o avental da tua janela
Ou na aurora boreal de uma igreja escutando se erguer o sol de Deus.
Mas tudo é expressão!
Insisto nesse ponto, senhores jurados
O meu amor diz frases temíveis:
Angústia mística
Teorema poético
Cultura grega dos passeios no parque...
No fundo o que eu quero é que ninguém me entenda
Para eu poder te amar tragicamente!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Mundo grande

(Carlos Drummond de Andrade)

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Plenitude


Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia,
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes,
e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse amor,
nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno;
o amor não é invejoso;
o amor não trata com leviandade,
não se ensoberbece.

Não se porta com indecência,
não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas;
havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face;
agora conheço em parte,
mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três,
mas o maior destes é o amor.


Coríntios 13

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Gregório



À instabilidade das cousas no mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol e na luz, falta a firmeza,
Na formosura não se crê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

Gregório de Matos

domingo, 23 de agosto de 2009

Que loucura



Tenho pressa pra chegar
Pressa de ir pra outro lugar
Em que possa me sentir
Dentro de uma bolha
Que flutua por aí
Pare de me perguntar
Onde eu quero chegar
Sinto que só quero ir
Em cima de um tapete
Que flutua por aí
Isso é uma loucura
Minha razão de existir
É ter você sempre aqui
Do meu lado e por que não?
Vem comigo num domingo
Voar no meu balão
Isso é uma loucura

Cachorro Grande

;D



“À duração da minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios."
Clarice Lispector

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Paredes Vermelhas


  Desejou tantas vezes estar ali novamente, mas, quando esteve, achou tudo muito diferente. Nenhuma explicação para tanta destruição. Certificou-se de que a porta não estava arrombada. As janelas permaneceram trancadas. As paredes continuavam vermelhas e intactas. Mesmo com luzes acesas, a obscuridão lhe trazia medo e o vazio daquela sala invadia o seu interior. Em lugar da paz que ali encontrava, angústia. À medida em que fechava e abria os olhos, o espaço tornava-se cada vez menor. 

  Ficou parada, porém, já não podia respirar. As paredes encolhiam a sala.

  Decidiu não mais abrir os olhos. Entregou-se à aflição da espera pelo fim e vieram-lhe à mente todas as outras vezes que ali esteve: as pequenas felicidades, a brisa e a luz que entravam pela janela nos dias de sol, como música vinda de longe.
  Aos poucos, a sonoridade entrou pelos seus ouvidos e sentiu o calor dos raios de sol batendo em seu rosto. 
  Agora, sem medo, abria os olhos, ao mesmo tempo em que seu coração se enchia. Aquele lugar estava tão espaçoso e iluminado que desejou nunca mais sair dali.

Não era o fim, mas apenas o grande começo.

S.C.P.S.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Falhada Sinfonia

"A arte é longa, a vida é breve"- Hipócrates

Acomodo-me em meu próprio templo
e entra pelos poros a brisa,
adormecendo o corpo, elevando o espírito
despertando palavras.

Vão-se uma a uma, ecoando pelos ouvidos...
...Ao som do instrumento, num misterioso ritual,
sai a brisa, carregada de devaneios e mistura-se à tinta,
nascendo de pequenas mãos uma bela estranha criatura.

Assim, meu instrumento não é mais guiado por mim,
mas deixo-me conduzir por ele,
então movido pelas profundezas do eu criador,
que faz de suas falhas uma perfeita sinfonia.

Forma-se o ciclo, perdendo e ganhando notas,
porém, ao bom ouvido eterniza-se a melodia
e seu pulsante compasso permanece
no coração de quem respira a sagrada poesia.

S.C.P.S.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Os Colombos

Outros haverão de ter
o que houvermos de perder.
Outros poderão achar
o que, no nosso encontrar,
foi achado, ou não achado,
segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
é a Magia que evoca
o Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
é justa auréola dada
por uma luz emprestada.

Fernando Pessoa

terça-feira, 30 de junho de 2009

Álvaro de Campos


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

sensações

"Eu sinto uma beleza quase insuportável e indescritível.
Como um ar estrelado, como a forma informe, como o não-ser existindo, como a respiração esplêndida de um animal. Enquanto eu viver terei de vez em quando a quase não-sensação do que não se pode nomear.
Entre oculto e quase revelado. É também um desespero faiscante e a dor se confunde com a beleza e se mistura a uma alegria apocalíptica."

Clarice Lispector

"(...)Tudo é incerto e derradeiro,
Tudo é disperso, nada é inteiro..."


Fernando Pessoa

sexta-feira, 19 de junho de 2009

respirando Clarice


"Caminho até o limite do meu sonho grande.
Para onde vou?
E a resposta é: vou."


Clarice Lispector

terça-feira, 16 de junho de 2009

o Livro inesgotável


"... dentro dessa torre há inúmeras outras torres, cada uma tão ampla e espaçosa quanto o céu e ornamentada de incontáveis maravilhas. Cada uma é distinta em si mesma, todavia, coletivamente é parte do todo, de modo que aquele que penetra na torre torna-se a torre e vê a si mesmo em tudo que ela contém."

"Tudo que for dito na treva, será ouvido na luz?"

Alberto Lins Caldas- Babel

Torre de Babel



Toda a terra tinha uma só língua, e servia-se das mesmas palavras.

Alguns homens, partindo para o oriente, encontraram na terra de Senaar uma planície onde se estabeleceram.
E disseram uns aos outros: “Vamos, façamos tijolos e cozamo-los no fogo.” Serviram-se de tijolos em vez de pedras, e de betume em lugar de argamassa.
Depois disseram: “Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos assim célebre o nosso nome, para que não sejamos dispersos pela face de toda a terra.”
Mas o senhor desceu para ver a cidade e a torre que construíram os filhos dos homens.
“Eis que são um só povo, disse ele, e falam uma só língua: se começam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus empreendimentos.
Vamos: desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.”
Foi dali que o Senhor os dispersou daquele lugar pela face de toda a terra, e cessaram a construção da cidade.
Por isso deram-lhe o nome de Babel, porque ali o Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra, e dali os dispersou sobre a face de toda a terra.

Gn 11,1-9

domingo, 14 de junho de 2009

Se

Se és capaz de manter tua calma, quando
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!

Rudyard Kipling

sexta-feira, 12 de junho de 2009


— E você, por que desvia o olhar?

(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)

— Ah. Porque eu sou tímida.

Rita Apoena


Um feliz dia dos namorados para todos os que já encontraram sua alma gêmea!

Aos que passam o dia de hoje sozinhos, não desanimem, pois as melhores coisas acontecem quando não as premeditamos...

;D

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Precious Illusions

Adoro esse clipe da Alanis!
Dia 12 chegando, logo, quem não vai ganhar presente vai lembrar de um bom motivo para não ficar triste...

                                

;D

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Água Viva

"(...) Oh, como tudo é incerto. E no entanto dentro da Ordem. Não sei sequer o que vou te escrever na frase seguinte. A verdade última a gente nunca diz. Quem sabe da verdade que venha então. E fale. Ouviremos contritos.
... eu o vi de repente e era um homem tão extraordinariamente bonito e viril que eu senti uma alegria de criação. Não é que eu o quisesse para mim assim como não quero o menino que vi com cabelos de arcanjo correndo atrás da bola. Eu queria somente olhar. O homem olhou um instante para mim e sorriu calmo: ele sabia o quanto era belo e sei que sabia que eu não o queria para mim. Sorriu porque não sentiu ameaça alguma. É que os seres excepcionais em qualquer sentido estão sujeitos a mais perigos que o comum das pessoas. Atravessei a rua e tomei um táxi. A brisa arrepiava-me os cabelos da nuca. E eu estava tão feliz que me encolhi no canto do táxi de medo porque a felicidade dói. E isto tudo causado pela visão do homem bonito. Eu continuava a não querê-lo para mim - gosto é das pessoas um pouco feias e ao mesmo tempo harmoniosas, mas ele de certa forma dera-me muito com o sorriso de camaradagem entre pessoas que se entendem. Tudo isso eu não entendia.
A coragem de viver: deixo oculto o que precisa ser oculto e precisa irradiar-se em segredo.
Calo-me.
Porque não sei qual é o meu segredo. Conta-me o teu, ensina-me sobre o secreto de cada um de nós. Não é segredo difamante. É apenas esse isto: segredo.
E não tem fórmulas.
(...)"

Clarice Lispector

quarta-feira, 3 de junho de 2009

[...]

"(...) Sobretudo, pensou ainda, compreende a vida porque não é suficientemente inteligente para não compreendê-la (...)"

Clarice Lispector- Perto do Coração Selvagem

domingo, 31 de maio de 2009

A janela


  Desperto lentamente: primeiro os olhos; em seguida, com certa dificuldade, o corpo; só então a consciência, ainda perdida entre o último sonho e a realidade, que surge no mesmo instante em que abro a janela. Tudo se transforma: segundos atrás, havia somente escuridão. Agora, a realidade me cega por algum momento. Com muito esforço para manter os olhos abertos, em uma mistura de dor e curiosidade, torço para que aquela paisagem tenha se modificado. Uma decepção: é a mesma imagem de ontem e de muito tempo. 
  O velho balanço, para lembrar a passagem do tempo; as plantas, sem flores e desfolhadas, avisando a chegada do outono- mais uma estação de poucas expectativas; meu cachorro, estirado ao sol, em mais um dia sem grandes aventuras. 
  Nada transformou o mundo diante da minha janela. Imagino como será ruim tê-lo assim amanhã. Seria maravilhoso achá-lo muito mais atrante que qualquer outro no qual se aviste uma praia, ou uma montanha, afinal, é a minha janela.
  Talvez a felicidade consista em aprender a olhar para ela e para o mundo que está muito além daquela paisagem, porém, muito mais próximo. O grande desafio é despertá-lo, enxergar a janela e abri-la.

S.C.P.S.

sábado, 30 de maio de 2009

O monstro

  Não me lembro da forma que possuo, não sei por que assustava tanto lá fora. Nunca arrisquei me olhar no espelho, porque poderia ser a mais terrível das experiências. A minha voz deve ser mais medonha e ensurdecedora que o silêncio que me perseguia até procurar por alguma outra vida nesta escuridão completa na qual tenho vivido. 
  Estaria realmente feliz se estas vozes que me fazem companhia também possuíssem forma e discordassem ao menos uma vez das coisas que digo.

S.C.P.S.

sábado, 23 de maio de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

Sobra tanta falta

Falta tanta coisa na minha janela
Como uma praia
Falta tanta coisa na memória
Como o rosto dela
Falta tanto tempo no relógio
Quanto uma semana
Sobra tanta falta de paciência
Que me desespero
Sobram tantas meias-verdades
Que guardo pra mim mesmo
Sobram tantos medos
Que nem me protejo mais
Sobra tanto espaço
Dentro do abraço
Falta tanta coisa pra dizer
Que nunca consigo (2x)

Sei lá,
Se o que me deu foi dado
Sei lá,
Se o que me deu já é meu
Sei lá,
Se o que me deu foi dado ou se é seu (4x)

Sei lá... sei lá... sei lá.... (2x)
Se o que deu é meu...

Vai saber,
Se o que me deu, quem sabe?
Vai saber,
Quem souber me salve
Vai saber,
O que me deu, quem sabe?

Vai saber,
Quem souber me salve... (3x)

O Teatro Mágico

sábado, 9 de maio de 2009

Que livro(s) sou eu?

Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

  Ok, você não é exatamente uma pessoa fácil e otimista, mas muita gente te adora. É possível, aliás, que você marque a história de sua família, de seu bairro... Quem sabe até de sua cidade? Afinal, você consegue ser inteligente e perspicaz, mas nem por isso virar as costas para a popularidade - um talento raro. Claro que esse cinismo ácido que você teima em destilar afasta alguns, e os mais jovens nem sempre conseguem entendê-lo. Mas nada que seu carisma natural e dinamismo não compensem. emórias póbas" (1881) é considerado o divisor de águas entre os movimentos Romântico e Realista. Uma das expressões da genialidade de Machado de Assis (e de sua refinada ironia), há décadas tem sido leitura obrigatória na maior parte das escolas e costuma agradar aos alunos adolescentes. Já inspirou filme e peças de teatro. É, portanto, um caso de clássico capaz de conquistar leitores variados. Proezas de Machado.


A paixão segundo GH, de Clarice Lispector

  Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.ssim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.




Doidas e santas, de Martha Medeiros

  Moderninha e solteira, ou radiante de véu e grinalda? Eis a questão da jovem (ou nem tão jovem) mulher profissional, cosmopolita e, apesar de tudo, muito romântica. Eis a sua questão! Confesse: quantas horas semanais você gasta conversando sobre encontros e desencontros sentimentais com as suas amigas? Aliás, conversando não. Analisando, destrinchando... Mas isso não quer dizer que você só questione a existência de príncipe encantado, não.
  A vida adulta hoje não está fácil para ninguém, como bem mostram as 100 crônicas de "Doidas e Santas" (2008), que retratam os sabores e dissabores da vida sentimental e prática nas grandes cidades.



;]

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Nevoeiro

(...)
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
(...)
É a hora!

Fernando Pessoa-Mensagem

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Should I stay or should I go?



Darling you've got to let me know
Should I stay or should I go?
If you say that you are mine
I'll be here 'til the end of time
So you got to let me know
Should I stay or should I go?


It's always tease, tease, tease
You're happy when I'm on my knees
One day is fine the next is black
So if you want me off your back
Well come on and let me know
Should I stay or should I go?


Should I stay or should I go now?
Should I stay or should I go now?
If I go there will be trouble
An' if I stay it will be double

So come on and let me know...


This indecision's bugging me
If you don't want me, set me free
Exactly who'm I'm supposed to be
Don't you know which clothes even fit me?
Come on and let me know
Should I cool it or should I blow?


Should I stay or should I go now?
Should I stay or should I go now?
If I go there will be trouble
And if I stay it will be double
So you gotta let me know
Should I cool it or should I blow?
Should I stay or should I go now?
If I go there will be trouble
And if I stay it will be double
So you gotta let me know
Should I stay or should I go?

[Hoje essa vai pro Alexandre, pela sugestão MARA ;D]