terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ser frágil não é maldição para mulher

"Mulher é desdobrável. Eu sou." Adélia Prado


Hoje, dormi um sono pesado, após tanto tempo em guerra. Tenho a impressão de que foram mais de cem anos.
Carreguei, por toda a trajetória, bandeiras e armaduras tão pesadas quanto meu corpo pudesse suportar. Com as melhores estratégias, combati os inimigos mais temíveis. Contudo, o pior de todos eles era também meu aliado: esteve comigo em todas as batalhas, deu-me as armas e ensinou-me a manejá-las. Morava em mim.
Estive em lugares frios, sórdidos, sombrios; perseguindo cada adversário, a fim de não sobrar um que pudesse ganhar forças e trazer o abalo de uma revanche. Ultrapassei fronteiras, até então inimagináveis, abrindo caminhos às futuras grandes conquistas. Senti terríficas dores e eram tamanhas as necessidades que cada segundo era enfrentado como uma nova árdua batalha. Não apenas vi o fogo e a escuridão, como pude senti-los na alma, cada vez que deparava-me com as misérias humanas. Estas, sim, foram grandes armadilhas.
Ouvi gritos ensurdecedores e disparos sem interrupção. Olhava a paisagem: totalmente destruída. Sorria, em meio às adversidades, por sentir-me viva.
Faço, agora, deste silêncio, o grande triunfo de minha existência.

S.C.P.S.

Um comentário:

The Dancer disse...

a verdadeira maldição é não saber usar nossa pseudo fragilidade a nosso favor.
maldição é não conseguir ser uma lutadora que é acima de tudo feminina!^^