Desperto lentamente: primeiro os olhos; em seguida, com certa dificuldade, o corpo; só então a consciência, ainda perdida entre o último sonho e a realidade, que surge no mesmo instante em que abro a janela. Tudo se transforma: segundos atrás, havia somente escuridão. Agora, a realidade me cega por algum momento. Com muito esforço para manter os olhos abertos, em uma mistura de dor e curiosidade, torço para que aquela paisagem tenha se modificado. Uma decepção: é a mesma imagem de ontem e de muito tempo.
O velho balanço, para lembrar a passagem do tempo; as plantas, sem flores e desfolhadas, avisando a chegada do outono- mais uma estação de poucas expectativas; meu cachorro, estirado ao sol, em mais um dia sem grandes aventuras.
Nada transformou o mundo diante da minha janela. Imagino como será ruim tê-lo assim amanhã. Seria maravilhoso achá-lo muito mais atrante que qualquer outro no qual se aviste uma praia, ou uma montanha, afinal, é a minha janela.
Talvez a felicidade consista em aprender a olhar para ela e para o mundo que está muito além daquela paisagem, porém, muito mais próximo. O grande desafio é despertá-lo, enxergar a janela e abri-la.
S.C.P.S.
Um comentário:
é um desafio díário !!!
Postar um comentário