domingo, 31 de maio de 2009

A janela


  Desperto lentamente: primeiro os olhos; em seguida, com certa dificuldade, o corpo; só então a consciência, ainda perdida entre o último sonho e a realidade, que surge no mesmo instante em que abro a janela. Tudo se transforma: segundos atrás, havia somente escuridão. Agora, a realidade me cega por algum momento. Com muito esforço para manter os olhos abertos, em uma mistura de dor e curiosidade, torço para que aquela paisagem tenha se modificado. Uma decepção: é a mesma imagem de ontem e de muito tempo. 
  O velho balanço, para lembrar a passagem do tempo; as plantas, sem flores e desfolhadas, avisando a chegada do outono- mais uma estação de poucas expectativas; meu cachorro, estirado ao sol, em mais um dia sem grandes aventuras. 
  Nada transformou o mundo diante da minha janela. Imagino como será ruim tê-lo assim amanhã. Seria maravilhoso achá-lo muito mais atrante que qualquer outro no qual se aviste uma praia, ou uma montanha, afinal, é a minha janela.
  Talvez a felicidade consista em aprender a olhar para ela e para o mundo que está muito além daquela paisagem, porém, muito mais próximo. O grande desafio é despertá-lo, enxergar a janela e abri-la.

S.C.P.S.

sábado, 30 de maio de 2009

O monstro

  Não me lembro da forma que possuo, não sei por que assustava tanto lá fora. Nunca arrisquei me olhar no espelho, porque poderia ser a mais terrível das experiências. A minha voz deve ser mais medonha e ensurdecedora que o silêncio que me perseguia até procurar por alguma outra vida nesta escuridão completa na qual tenho vivido. 
  Estaria realmente feliz se estas vozes que me fazem companhia também possuíssem forma e discordassem ao menos uma vez das coisas que digo.

S.C.P.S.

sábado, 23 de maio de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

Sobra tanta falta

Falta tanta coisa na minha janela
Como uma praia
Falta tanta coisa na memória
Como o rosto dela
Falta tanto tempo no relógio
Quanto uma semana
Sobra tanta falta de paciência
Que me desespero
Sobram tantas meias-verdades
Que guardo pra mim mesmo
Sobram tantos medos
Que nem me protejo mais
Sobra tanto espaço
Dentro do abraço
Falta tanta coisa pra dizer
Que nunca consigo (2x)

Sei lá,
Se o que me deu foi dado
Sei lá,
Se o que me deu já é meu
Sei lá,
Se o que me deu foi dado ou se é seu (4x)

Sei lá... sei lá... sei lá.... (2x)
Se o que deu é meu...

Vai saber,
Se o que me deu, quem sabe?
Vai saber,
Quem souber me salve
Vai saber,
O que me deu, quem sabe?

Vai saber,
Quem souber me salve... (3x)

O Teatro Mágico